Interior de SP abriga quase sete mil hectares de Mata Atlântica reflorestada; conheça o projeto
Corretor de Vida no Pontal do Paranapanema é considerado uma das maiores áreas de Mata Atlântica reflorestada Laurie Hedges/Reprodução O Corredor Ecológic...
Corretor de Vida no Pontal do Paranapanema é considerado uma das maiores áreas de Mata Atlântica reflorestada Laurie Hedges/Reprodução O Corredor Ecológico do Pontal do Paranapanema, no interior de São Paulo, é considerado uma das maiores áreas de Mata Atlântica reflorestada do país. A região já tem quase sete mil hectares restaurados e abrange 32 municípios na região de Presidente Prudente (SP), segundo o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ). Ao g1, Laury Cullen, diretor de projetos e pesquisas dos Corredores de Vida do IPÊ, explicou a importância da iniciativa, que completa 25 anos. Há 14 anos, o corredor se tornou o maior trecho restaurado da Mata Atlântica já concluído no Brasil. 📲 Participe do canal do g1 Presidente Prudente e Região no WhatsApp “De área que foi realmente plantada do zero, a partir de pastagens, o nosso corredor de vida no Pontal, com um monte de quase 7 mil hectares, é com certeza um dos maiores do Brasil”, afirma. Veja os vídeos que estão em alta no g1 A importância dos Corredores de Vida foi tema de uma mesa de debate na COP30, que discutiu os “Desafios e oportunidades para uma relação ‘ganha-ganha’ entre as agendas de restauração e de compensação”. A conferência é a reunião da ONU sobre mudanças climáticas marcada para 2025. Segundo a ONG SOS Mata Atlântica, o bioma abrange cerca de 15% do território nacional, distribuído por 17 estados. A Mata Atlântica é o lar de 72% da população brasileira e concentra 80% do PIB do país. A ONG afirma que hoje restam apenas 24% da floresta original, sendo que só 12,4% correspondem a áreas maduras e bem preservadas. Para a entidade, é essencial monitorar e recuperar o bioma, além de fortalecer a legislação que garante sua proteção. Corredores de Vida O corredor reflorestado pelo IPÊ vai desde Rosana, no extremo oeste paulista, até Rancharia. Parte dele possui 12 km com 2,4 milhões de mudas de árvores plantadas e conecta as duas Unidades de Conservação da região: o Parque Estadual Morro do Diabo e a Estação Ecológica Mico-leão-preto, passando pela Fazenda Rosanela. A partir dessa iniciativa, é possível garantir segurança e qualidade de vida aos animais silvestres. “A gente sabe que tem mais ou menos 60 espécies de mamíferos dentro do Morro do Diabo”, reforça Laury. Já nos corredores reflorestados, equipes especialistas podem observar quase um terço da fauna. “Com áreas replantadas e florestas de 14, 15 anos plantadas, já estão realmente mostrando quase um terço dessa fauna recuperada”. Além dos mamíferos e felinos, como onça-pintada, onça-parda, lobo Guará, tamanduá-bandeira e jaguatirica, quase 200 espécies de aves também são observadas dentro dos corredores ecológicos plantados, segundo o diretor de projetos do IPÊ. “Muitas outras espécies de aves, araras, papagaios, algumas espécies de aves ameaçadas de extinção e, inclusive, o famoso mico-leão-preto, sendo a nossa espécie símbolo do Pontal. A gente sabe que ele já está começando a frequentar alguns dos corredores plantados”, afirma Laury. Por meio dos corredores verdes no Pontal do Paranapanema, espécies ameaçadas de extinção voltam ao habitat, como o Mico-leão-Preto Gabriela Cabral Rezende/Reprodução Diminuição do impacto global O plantio da floresta se torna uma ferramenta importante para conseguir evitar o aquecimento global e o aumento de 1,5 grau previsto pelos cientistas, segundo o engenheiro florestal. “Eu acho que se a gente realmente conseguir passar desse aumento de temperatura, a gente chega num ponto de não ter retorno. E se a gente restaurar a longo prazo um terço de áreas prioritárias no planeta, só um terço, a gente consegue evitar quase que 60% de muitas das extinções e espécies projetadas”, continua Laury. Além disso, a partir da restauração dessas áreas prioritárias comentadas pelo especialista, é possível também neutralizar quase 50% de todas as emissões de CO₂ (dióxido de carbono) que foram feitas após a Revolução Industrial, conforme o diretor de projetos e pesquisas do IPÊ. “Só para ter ideia do impacto e da importância dessa agenda de restauração em larga escala, que é exatamente o que a gente faz com os corredores de visão no Pontal”. Até 2020, na região de Presidente Prudente, a equipe plantava entre 100 e 200 hectares por ano. Atualmente, a mesma quantidade é plantada em apenas um mês, o que possibilitou o reflorestamento de quase sete mil hectares, ou 70 milhões de metros quadrados. Corretor de Vida no Pontal do Paranapanema é considerado uma das maiores áreas de Mata Atlântica reflorestada Laurie Hedges/Reprodução Segundo o IPÊ, por se tratar de uma grande planície, o plantio é mecanizado, o que favorece o ganho de escala. Quatro ou cinco profissionais realizam o plantio já integrado à irrigação, permitindo plantar até 30 mil mudas por dia, ou cerca de 15 hectares. As mudas utilizadas nos corredores são produzidas em viveiros da região, por produtores familiares, fazendeiros ou empresas parceiras, gerando também emprego para famílias das comunidades próximas. “O que percebemos é que, para cada R$ 1 milhão investido, são gerados cerca de 30 empregos diretos. Eles vêm da própria produção das mudas, que abastecem todos os corredores ecológicos plantados nos nossos viveiros comunitários”, afirma o diretor de projetos do IPÊ. A viveirista D. Iraci Iraci Lopes Duveza, sócia-proprietária do viveiro Viva Verde e o técnico do IPÊ Laurie Hedges/Reprodução Clima, comunidade e biodiversidade Atualmente são quase 25 viveiros comunitários que produzem 5 milhões de mudas por ano, sendo parte de um tripe importante para que o Projeto Corredores de Vida seja concretizado: Clima, Comunidade e Biodiversidade. No caso, o clima seria a importância das florestas em larga escala para o combate ao famoso aquecimento global; a comunidade seria por meio do trabalho em conjunto com a comunidade, garantindo, desta forma, a biodiversidade. “Tem uma ligação muito forte com a qualidade de vida e renda da agricultura familiar e os serviços também. Todos os serviços do restauro, plantios, manutenções, tudo que a gente fala de floresta, de serviço, das operações florestais, também são feitos pelas empresas da agricultura familiar”, continua o engenheiro florestal. Os pesquisadores do IPÊ ainda criação o Mapa dos Sonhos, a partir de um mapa de áreas prioritárias para fazer a restauração de floresta no oeste paulista. “Esse Mapa dos Sonhos, que pega 32 municípios, tem quase 270 mil hectares de áreas que, de acordo com o código florestal, precisam ser restauradas”. “A gente olha com bastante atenção e carinho, mais ou menos 75 mil hectares. Então, além dos 7 mil hectares que a gente já praticamente restaurou, ainda faltam uns 70 mil para a gente completar áreas importantes dentro do Mapa dos Sonhos”, completa Laury Cullen. Mudas utilizadas no reflorestamento de corredores verdes no Pontal do Paranapanema, interior de SP Carlos Aidar/Reprodução Tamanduá-bandeira vista em área de Corredor de Vida, no Pontal do Paranapanema IPÊ/Reprodução Veja mais notícias no g1 Presidente Prudente e Região VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM